A música do povo brasileiro sofreu grave perda ainda há pouco.
Morreu Riachão, não apenas um mito do chamado samba baiano, como também o mais antigo e fecundo personagem da Era do Rádio e do Disco em Salvador.
Seria um certo consolo o bamba ter alcançado quase 100 anos de longa vida (98 exatos) e ter participado por quase oitenta décadas da vida artística da Bahia?
Seria sim, se ele estivesse inutilizado em uma cama com idade tão avançada. Mas não. Muito ao contrário, ele estava animadíssimo porque preparava novo álbum com músicas inéditas. Certamente peças tão boas quanto Cada macaco no seu galho, gravado na volta do exílio por Caetano e Gil, ou Vá morar com o diabo, famoso na voz de Cássia Eller, apenas para citar dois clássicos entre as centenas de músicas do Riachão.
Riachão, de mais a mais, é história cristalina como participante de eventos capitais no cancioneiro do Brasil. São tantos momentos fundamentais que sugiro a todos ler o verbete dele, alentado e cuidadoso, no nosso Dicionário Cravo Albin da MPB (http://dicionariompb.com.br/riachao/biografia). Fiquem certos de que se surpreenderão com seus feitos e historicidade.
Riachão, devo citar agora, abriu polêmica acesa ao afirmar que o samba nasceu na Bahia, e pouquíssimo teve a ver, organicamente, com o Rio. Essas considerações, objeto de severas controvérsias, continua agora na ordem do dia com a morte de personagem tão mítico quanto essencial.
O que vocês acham?
Peço que comentem para avaliarmos a tendência dos consumidores de samba.