Nada mais conveniente do que preparar com antecedência qualquer celebração ou projeto. A prefeitura carioca – e o Prefeito Eduardo Paes é previdente, como todo bom administrador – lançou o Comitê Rio – 450 há quase um ano. Presidido pelo diplomata de carreira Marcelo Calero, o grupo se resume a um núcleo enxuto, que vem trabalhando ao longo deste 2014. Diferente de secretarias pesadonas e entupidas de funcionários, o Comitê arma com agilidade um esquema que já começa a dar frutos, mesmo antes de chegar 2015.
Venho acompanhando com atenção as iniciativas de Calero, até porque, no verdor dos meus 24 anos, participei do Quarto Centenário em 1965.
Os tempos eram outros, as necessidades mais amenas, o Rio tinha menos gente e problemas.
Com tantas e dramáticas mudanças, a Comissão dos 450 anos optou pela participação direta dos cariocas. Um concurso foi aberto no sentido de tomar o pulso daquilo que o carioca pode, quer e deve promover. Idéias pularam, a imaginação liberou-se, projeto factíveis foram acolhidos.
Participei, há dias, de uma das primeiras realizações que, dentro do calendário do Calero, antecipa o que está por vir.
E o que foi? Show, festivais de música ou de cinema? Não, apenas um curso rigoroso sobre a história do Rio de Janeiro. Eu, carioca que presencio por anos a fio as desatenções para com a cidade, enchi-me de orgulho. Por dois motivos. O primeiro por ter o Comitê o bom senso de anunciar a Festa de 2015 com as lupas do saber. Explico: o curso sobre a História do Rio foi realizado pelo Instituto Histórico e Geográfico, órgão de excelência acadêmica desde 1838. Sempre atento a seu tempo, o IHGB escolheu (a dedo) dezenas de intelectuais, que desfiaram, ao longo de várias semanas, temas cariocas os mais definidores. Todos juntos, interligaram, com clareza e rigor, os 450 anos de fundação da Cidade. O Rio, enfim, conectou sua diversidade embriagadora.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do
Instituto Cultural Cravo Albin